Caso Isis: Justiça agenda depoimento de réu acusado de matar adolescente grávida desaparecida no Paraná para definir se ele vai a júri popular

A Justiça agendou para a tarde desta quinta-feira (14) a retomada das audiências de instrução e julgamento do caso de Isis Victoria Mizerski, que tinha 17 anos e estava grávida quando desapareceu no dia 6 de junho em Tibagi, nos Campos Gerais do Paraná.

A intenção é ouvir uma testemunha convocada pela defesa do réu, Marcos Vagner de Souza, e também o próprio homem, que está preso e deve prestar depoimento de forma on-line.

Isis sumiu após sair para encontrar Marcos, apontado como pai do bebê. Apesar de o corpo dela não ter sido encontrado, a Polícia Civil acredita que ela foi assassinada. O homem responde por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e aborto provocado sem o consentimento de Isis. Ele diz ser inocente. Veja detalhes mais abaixo.

As audiências iniciaram em 21 de outubro e foram suspensas três dias depois, devido à ausência de testemunhas de defesa.

A intenção dos depoimentos, que visam ouvir 18 testemunhas relacionadas ao caso, é definir se o réu vai, ou não, a júri popular.

Marcos Vagner de Souza acompanhou todas as audiências e será interrogado depois de todas as testemunhas. Na sequência, os advogados dele e da família de Isis terão 20 minutos cada para expor as próprias teses.

Ao g1, o advogado Renato Tauille, que representa o réu, adiantou que Marcos vai manter a versão dada anteriormente e reafirmar a própria inocência.

Caso Isis
De acordo com o delegado Matheus Campos Duarte, Isis e Marcos tiveram relações sexuais entre abril e maio de 2024 e a adolescente engravidou do vigilante.

Semanas depois, ela começou a desconfiar da gestação e no dia 3 de junho contou para Marcos das próprias suspeitas, afirma o delegado. As investigações apontam que ele pediu que ela fizesse um teste, que confirmou a gravidez.

O delegado afirma que os dois saíram para se encontrar no dia 6 de junho – e desde então, Isis não foi mais vista.

As investigações reuniram imagens de câmeras de segurança que mostram Marcos em uma farmácia dois dias antes do sumiço. Três testemunhas afirmaram, em depoimento, que ele as procurou para tentar comprar remédios abortivos.

Vídeos e registros da localização do celular de Marcos na noite do desaparecimento e nos dias seguintes também contribuíram para aumentar as suspeitas de crimes.

Processo na Justiça
O inquérito foi finalizado no começo de agosto.

Quando a Polícia Civil anunciou o indiciamento do homem, o delegado Matheus Campos Duarte comparou o caso de Isis ao de Eliza Samudio. Ela desapareceu em 2010 e nunca teve o corpo encontrado. Apesar disso, acusados de envolvimento no crime foram condenados – incluindo o ex-goleiro Bruno Fernandes.

Marcos Vagner de Souza virou réu na Justiça por três crimes, todos no âmbito da violência doméstica:

  • homicídio triplamente qualificado (por feminicídio, dissimulação e motivo torpe);
  • ocultação de cadáver;
  • aborto provocado sem o consentimento da vítima.

Desde o início das investigações, a defesa de Marcos nega que ele tenha envolvimento em algum crime relacionado ao desaparecimento de Isis.

No início de novembro, uma força-tarefa realizou novas buscas pelo corpo de Isis após a polícia receber novas denúncias e também o resultado de um laudo da perícia feito com amostras de lama encontradas no carro do homem, mas não houve novidades sobre o paradeiro da desaparecida.

A Polícia Civil destaca que quem tiver informações sobre vestígios do paradeiro da adolescente pode fazer denúncias anônimas através dos telefones 197, da corporação, ou 181, do Disque-Denúncia.