Motorista e dono de caminhão que tombou sobre van com time de remo são denunciados por homicídio culposo

(Foto: Corpo de Bombeiros)

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou por homicídio culposo o motorista e o proprietário do caminhão que tombou sobre uma van e matou nove ocupantes do veículo na BR-376, no dia 20 de outubro, em Guaratuba, no litoral do Paraná.

O motorista do caminhão, Nicollas Otilio de Lima Pinto, e o proprietário do veículo, Heloide Longaray, também foram denunciados por lesão corporal culposa contra o único sobrevivente do acidente João Milgarejo, de 17 anos.

A van transportava um time de remo do Projeto Remar para o Futuro, de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Eles voltavam para casa após participar do Campeonato Nacional de Remo Unificado, em São Paulo, no qual conquistaram sete medalhas.

O g1 fez contato com a defesa dos denunciados e aguarda retorno.

A denúncia do MP aponta que o motorista dirigiu de forma impudente, pois estava acima da velocidade permitida na via. Também de forma imperita, que “consistente na falta de habilidade técnica e desconhecimento tanto da via quanto do veículo que conduzia; e negligente, consistente em deixar de verificar as boas condições e funcionamento dos freios do veículo”.

O proprietário, de acordo com a denúncia, agiu de forma negligente por deixar de garantir a manutenção do sistema de freios do veículo.

O MP apontou ainda que os dois paguem uma reparação ao atleta sobrevivente e também aos herdeiros das vítimas que morreram.

Excesso de velocidade
A denúncia detalha que o caminhão transportava um container com peças automotivas, que pesava cerca de 24 toneladas.

“Quando, em excesso de velocidade, iniciou a descida de trecho de serra utilizando relação de marcha e velocidade incompatíveis tanto com a via quanto com as características e condições de conservação e manutenção do veículo que conduzia, comprometendo, com isso, o acionamento adequado do freio motor e a segurança no controle do caminhão durante a descida, situação que resultou na colisão”, diz trecho.

Agora, cabe à Justiça decidir se aceita, ou não, a denúncia.

O acidente
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a carreta bateu na traseira da van. Na sequência, com o impacto, a van bateu em outro carro, rodou na rodovia e, em seguida, foi arrastada para fora da pista pelo caminhão, que tombou sobre ela.

O motorista do carro não se feriu.

As vítimas são:

  • Samuel Benites Lopes, 15 anos
  • Henry da Fontoura Guimarães, 15 anos
  • João Pedro Kerchiner, 17 anos
  • Helen Belony, 20 anos
  • Nicoli Cruz, 15 anos
  • Angel Souto Vidal, 16 anos
  • Vitor Fernandes Camargo, 17 anos
  • Oguener Tissot (coordenador), 43 anos
  • Ricardo Leal da Cunha (motorista), 52 anos

O atleta João Milgarejo, de 17 anos, que também estava na van, foi resgatado com ferimentos leves e levado, junto com o motorista da carreta, para o Hospital São José, em Joinville, Santa Catarina.

Motorista alegou falha mecânica
Em depoimento à Polícia Civil, o condutor da carreta disse que o veículo apresentou problemas ao longo da viagem e passou pelas mãos de um mecânico duas vezes no domingo, data do acidente.

Ele explicou que saiu de Santos, em São Paulo, e seguia para a Argentina, onde levaria uma carga de 30 toneladas de peças de ferro. Ao passar pelo Paraná, a carreta apresentou problemas.

Um guincho da concessionária que administra o trecho o levou até um posto em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, onde disse ter acionado o dono da carreta.

No domingo, dia do acidente, um mecânico consertou o veículo e Nicollas seguiu viagem. No entanto, cerca de um quilômetro depois, o mesmo problema voltou a aparecer, afirmou o motorista em depoimento.

Novamente, conforme o relato, a carreta foi guinchada, desta vez para uma base operacional. O mecânico foi chamado de novo, mexeu no veículo e o motorista continuou a viagem.

No depoimento, Nicollas afirmou que, ao se aproximar de trecho de serra, a falha reapareceu, momento em que perdeu o controle da carreta e bateu na van que transportava atletas do time de remo.